Pacientes oncológicos percebem os efeitos da quimioterapia em vários órgãos, inclusive nos olhos. Leia o artigo de hoje e saiba como eles podem ser afetados!
A quimioterapia é um dos tratamentos mais frequentes para o câncer. Porém, esse tratamento pode atingir partes do corpo que não foram acometidas pela doença. Além disso, os efeitos colaterais são bastante conhecidos e são capazes de deixar as pessoas um pouco fragilizadas.
Você está passando por esse momento? A informação é a chave para não ser pego de surpresa. No artigo de hoje, vamos falar sobre os olhos e como eles podem ser atingidos.
Quimioterapia: saiba o que é e as formas de administração
Câncer é uma enfermidade maligna caracterizada pelo crescimento desarranjado das células, que podem formar tumores. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 625 mil casos da doença, por ano, até 2022. Segundo a instituição, o de pele é o mais incidente, seguido do de próstata, cólon, reto, pulmão e estômago. Nas mulheres, a mama é o órgão em maior quantidade. O tratamento mais difundido para esses males é a quimioterapia.
Nesse procedimento, o medicamento percorre a corrente sanguínea destruindo tumores e células cancerígenas. Além disso, ele impede a multiplicação dos tecidos que estão doentes. Veja algumas formas de administração:
- Subcutânea (administrado na camada adiposa abaixo da pele);
- Intramuscular (injeção no músculo);
- Intracraneal (pela espinha dorsal);
- Tópico (como líquido ou pomada);
- Intravenosa (na veia);
- Oral.
Por esse mecanismo ser sistêmico, ou seja, atingir todas as células do corpo, os tecidos saudáveis também são afetados de alguma forma. Isso causa reação em vários órgãos, inclusive, nos olhos. Continue a leitura e saiba quais os efeitos desses remédios na visão.
Quimioterapia e visão: conheça os impactos
De acordo com a Dra. Juliana Novello, oftalmologista do Centro Médico Martins, muitos pacientes que estão realizando quimioterapia chegam ao consultório com algumas queixas: “As mais prevalentes são olho seco, ardor ocular, vermelhidão e embaçamento, que pode ser provocado pelo próprio olho seco ou um astigmatismo causado pela irregularidade da córnea”, afirma.
A toxicidade é a capacidade de uma substância química causar efeitos colaterais a uma parte do organismo. Assim, conheça, a seguir, sintomas e doenças que se desenvolvem nos olhos em razão dos medicamentos para tratamento de câncer e tumores.
Mucosite
A mucosite é uma inflamação das mucosas induzida pela quimioterapia. Ao atingir essa camada nos olhos, o distúrbio causa dor, lesões e ulcerações. É um dos efeitos colaterais mais recorrentes.
Síndrome do Olho Seco
Essa síndrome é uma doença crônica e ocorre quando há a diminuição na produção de lágrimas. Também chamada de ceratoconjuntivite seca, a Síndrome do Olho Seco causa irritação, olhos vermelhos, fotofobia e até cegueira.
Ptose palpebral
Na ptose palpebral, a região superior fica mais baixa que o habitual, o que pode encobrir a visão. “Existem outras alterações também encontradas na pálpebra. Elas podem virar para fora ou para dentro”, ressalta Novello. Nesses casos, as condições são chamadas de ectrópio e entrópio, respectivamente.
Diplopia
A diplopia é uma condição que faz a pessoa enxergar imagens de forma duplicada. Leia o nosso artigo e descubra 11 causas para a visão dupla, além da quimioterapia!
Perda da acuidade visual
A acuidade visual está relacionada com a capacidade de enxergar, de forma nítida, a uma determinada distância. Ela é testada nos famosos exames de vista, em que o paciente precisa distinguir as letras, que vão diminuindo de tamanho, em um quadro. Outra forma de fazer a medição é com o uso do aparelho Potencial de Acuidade Macular (P.A.M.). Com a redução dessa capacidade, os pacientes podem apresentar miopia e astigmatismo.
Blefarite
A blefarite ocorre quando há uma inflamação das glândulas sebáceas presentes na pálpebra. Os pacientes que estão passando pela quimioterapia estão mais sujeitos a esse tipo de adoecimento em razão do sistema imunológico enfraquecido.
Catarata
Na catarata, o cristalino, que faz parte da formação das imagens, adquire opacidade. Essa condição pode ser causada por tratamentos como a quimio e a radioterapia. Nesses casos, ela é chamada de catarata de radiação.
Ceratite
A inflamação da córnea é chamada de ceratite. Os sintomas são vermelhidão, dor intensa, olhos lacrimejando em excesso e sensibilidade à luz.
Pressão intraocular elevada
Essa patologia é causadora de doenças como glaucoma, em que há danificação do nervo óptico. Na hipertensão ocular há um aumento de humor aquoso, líquido que preenche o espaço entre a córnea e a íris. De modo geral, é uma doença silenciosa. Mas em casos agudos pode trazer dor nos olhos, diminuição da visão periférica, aumento da pupila, dor de cabeça e vômito.
Fotofobia
Na fotofobia, as pessoas sentem uma maior sensibilidade à luz. Assim, elas ficam incomodadas em ambientes claros e sentem desconforto ao olhar diretamente para a claridade. Esse efeito na visão não é uma doença, mas sim um sintoma, como conjuntivite, olhos secos e outros problemas citados no artigo.
Estenose canalicular
Também chamada de dacrioestenose, a estenose canalicular é caracterizada pela obstrução do canal lacrimal. Com isso, o olho do paciente passa o dia lacrimejando, mesmo que não esteja chorando. Ela pode ser congênita, ou seja, adquirida ao nascer, ou impulsionada por traumas e tratamentos contra o câncer.
Atrofia óptica
O sinal da atrofia óptica é a perda gradual da visão, já que ela é causada por uma lesão no nervo que capta as informações visuais e leva até o cérebro. Normalmente, é uma doença genética, mas que também pode ser induzida pela quimio.
As pessoas que estão passando pela quimioterapia precisam de um tratamento multidisciplinar, que envolva outras áreas além daquelas atingidas pelo câncer. Por isso, se você é um paciente oncológico, não deixe a ida ao oftalmologista para depois! Marque já a sua consulta!
